quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

EU MATO MAS É DE AMOR

Valdir Bastião era daqueles homens que afogavam as magoas da vida e descarregavam o peso do trabalho em algumas doses de cana. Homem muito trabalhador chegava a passar de mais de ano sem sujar a boca com cachaça, no entanto quando caia na malvada, não tinha mais paradeiro, chegava a passar um mês inteiro embriagado.
Figura caricata, Valdir quando bebia, dava uma de poeta, cantando de improviso, e muitas foram as canções saídas de sua boca que só foram ouvidas uma única vez, pois quando ficava bom não lembrava mais de nenhuma, ou se lembrava não tinha coragem de cantar estando sóbrio. Sempre muito esperto, conseguia se sair das situações mais vexatórias sempre de maneira engraçada e vitoriosa. Com ele não tinha embaraço.
Estando Valdir na bebedeira há vários dias, chega em casa e briga com sua mulher mundinha, esta, com medo de ser de ser agredida, abandona a casa do marido e se refugia na casa mais próxima onde estaria protegida, exatamente a casa de seu sogro, o pai de Valdir.
Valdir ao saber que sua esposa se encontrava na casa de seu pai vai ao seu encontro, lá chegando é impedido de entrar na casa pelo velho. Aborrecido, começa a esbravejar do lado de fora da casa. Voltar para sua casa e lá agarra um facão para ameaçar mundinha, retornando começa a soltar suas ameaças à esposa.
Depois de muito insultar com os mais horrorosos palavrões, Valdir passa a ameaçar de morte a esposa falando:
-saia de dentro de casa sua miserável que eu vou lhe matar.
Cada vez que repetia a ameaça, amostrava o facão para amedrontar ainda mais à esposa. Depois de muito escutar as ameaças, o pai de Valdir já de saco cheio com o barulho que lhe tirava a paciência, resolve testar a coragem do filho e dar um fim à pendenga, arma-se com uma espingarda velha, abri a porta, e sai para o terreiro com a arma apontada bem na cara de Valdir que segurava o facão na mão e pergunta:
-Valdir, tu vai matar quem aqui mesmo hein?
Valdir calado, já mudando de cor, olhando bem dentro do cano da espingarda, não consegue sequer abrir a boca, e seu pai pergunta novamente:
- Valdir tu vai matar a mundinha è?
É quando este nervosamente responde para se sair, já soltando o facão no chão:
- Eu mato papai, mais é de Amooooor.

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